Em 1964, a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense (SMFOG) convidou José Afonso para ali actuar, na comemoração do seu 52.º aniversário. José Afonso, segundo o próprio, ficou «brutalmente satisfeito» com o convite da «Música Velha» (outro nome da SMFOG). Descreveu assim aquela Colectividade: «Local obscuro, quase sem estruturas nenhumas, com uma bibilioteca de evidentes objectivos revolucionários, uma disciplina generalizada e aceite entre todos os membros, o que revelava uma grande consciência e maturidade políticas». Quatro dias depois do espectáculo, José da Conceição, um dos organizadores da sessão de Grândola, recebeu de José Afonso uma missiva com um poema dedicado à SMFOG, lido publicamente na sala desta Colectividade, em 31 de Maio de 1964. Tratava-se de «Grândola, vila morena», poema que teve quatro versões, a primeira das quais com três quadras. A última quadra desapareceria na segunda versão.
«Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Capital da cortesia
Não se teme de oferecer
Quem for a Grândola um dia
Muita coisa há-de trazer»
(também aqui)