21.4.15

"OS ÚLTIMOS DIAS DA PIDE - A História Oculta da Revolução"

Quem foram?
Fernando  Carvalho Gesteira – 18 anos, empregado de escritório natural de Montalegre
José James Harteley Barneto – 34 anos, natural de Vendas Novas
João Guilherme Rego  Arruda – 20 anos, estudante, natural dos Açores
Fernando Luís Barreiro dos Reis – 24 anos, soldado da 1ª Companhia Disciplinar de Penamacor?
Foram quatro portugueses assassinados pela DGS, em 25 de Abril de 1974. Os nomes são conhecidos por alguns, mas os rostos não. Essa injustiça será em parte corrigida ou atenuada, em dois episódios que a RTP 2 irá exibir, nos dias 25 e 26 de Abril, de uma série documental chamada “Os Últimos Dias da Pide”, da autoria Jacinto Godinho.
O auditório 3 do Edifício da FCSH da Universidade Nova de Lisboa, encheu-se, na segunda-feira passada, das 18 às 21,15 horas, para a apresentação pública da série, numa sessão que contou com a presença do autor, dos comandantes Almada Contreiras e Abrantes Serra, oficiais da Marinha do MFA envolvidos na ocupação da sede da PIDE/DGS e na libertação dos presos políticos de Caxias. Estiveram também presentes duas testemunha do sucedido, na Rua António Maria Cardoso, António Monteiro Cardoso e Filomena Teixeira de Almeida, quando os elementos da DGS atiraram a matar por duas vezes, provocando um massacre que, só por felicidade, não provocou mais mortos e feridos.
Mesmo assim foram atingidos a tiro mais de 40 pessoas, quase todos jovens, e foram mortos pela DGS os já referidos Fernando  Carvalho Gesteira, José James Harteley Barneto, João Guilherme Rego Arruda e Fernando Luís Barreiro dos Reis.
António Lage, 32 anos, funcionário da DGS, foi morto pelos militares, ao tentar fugir.
No documentário, podemos finalmente dar um rosto aos assassinados e assistir a entrevistas com alguns dos feridos que, no próprio dia 25 de Abril, foram presos, no Hospital, pela DGS e levados sob prisão e interrogados no Governo Civil de Lisboa, quando Marcello Caetano se rendia no Largo do Carmo.
Pode-se dizer que os acontecimentos na Rua António Maria Cardoso e a libertação dos presos políticos representaram dois pontos de não retorno, pois, a partir de então, tornou-se claro que a PIDE/DGS não poderia continuar na chamada metrópole, muito devido ao papel de milhares de pessoas. Esses acontecimentos foram também um paradigma dos eventos que ocorreriam posteriormente e que transformariam um golpe de Estado militar num processo revolucionário transformador.