Acabo de vir do Museu do Aljube onde assisti, numa sessão até emotiva e muito interessante, à apresentação do portal da RTP, «Extrema-esquerda». A RTP, com este verdadeiro serviço público, está de parabéns, pois cumpre o seu verdadeiro objectivo. |
25.11.15
O julgamento político dos fundadores da FAP
24.11.15
O Fio da Meada (7)
Irene Pimentel, historiadora, fala sobre a revogação das alterações à lei sobre interrupção voluntária da gravidez. | 24 Nov, 2015
O Fio da Meada
O Fio da Meada
21.11.15
Nuno Nunes- Ferreira | A memória da guerra colonial
Num momento em que a contestação à falta de liberdade em Angola, protagonizada pela greve da fome feita por Luaty Beirão e a coragem dos slogans escritos nas costas dos uniformes prisionais dos jovens presos no primeiro dia do julgamento, Nuno Nunes-Ferreira apresenta em Lisboa, desde 11 de Novembro, 40.º aniversário da Independência de Angola, na galeria Miguel Justino Contemporary Art, a exposição «A Cuca ajuda a Upa, a Nocal ajuda Portugal».
Trata-se de uma muito pertinente reflexão sobre o período e a
acção das tropas portuguesas na guerra colonial, iniciada em 1961,
confrontando-a e dialogando tanto com os soldados das tropas portuguesas como
com os guerrilheiros dos movimentos de libertação.
Uma novíssima geração de artistas plásticos, nos quais se
inclui Nuno Nunes-Ferreira, convoca o passado recente mais traumático de
Portugal, escondido, ignorado, sublimado e alienado pelos ascendentes, pais e
avós. É o que faz Nuno Nunes-Ferreira, ao tomar a iniciativa de procurar os
vestígios do passado, resgatando a memória, por trás do esquecimento
voluntário.
Baseando o seu processo de pesquisa nas próprias memórias
familiares (o seu pai fez comissões militares em Angola, só iniciando depois os
seus estudos em Medicina), Nuno Nunes-Ferreira contextualiza com rigor todas as
imagens, fotografias e textos, transformando-as depois em composições formais
e, na minha opinião de espectadora, em excelentes obras plásticas.
Mas vamos ao seu processo de “arquivista metódico e
compulsivo” como lhe chama João Silvério, curador da Exposição, no texto
introdutório de «A Cuca ajuda a UPA, a Nocal ajuda Portugal»
«Fazer o retrato», «Pai», «Desejais ficar bem na fotografia?», «Olhos nos olhos» e «vestir a pele».
Questões de identidade sempre presentes, como quem questiona olhos nos olhos os duzentos homens que em imagens tipo-passe e possivelmente com a mesma farda se interrogam: “Porque temos de ir, ou por que vamos?”
A quem prestavam «vassalagem»? «Vassalagem» cega ao orgulho colonial?
A quem prestavam «vassalagem»? «Vassalagem» cega ao orgulho colonial?
Do «Território» ocupado por soldados imberbes que quase não
sabiam ler e escrever?
E depois as casernas, os banhos, as brincadeiras
homoeróticas, os jogos de poder e salão em momentos de lazer, o reverso da
guerra, um mundo de homens sem mulheres.
«Tudo pela Nação» e o cuspo dos mortos em selos do império a
chegar às mãos das mulheres, mães, amantes, prometidas e madrinhas que nunca viram.
O cuspo e o escarro do poder
Em metal, o picotado, para partir ao meio e acompanhar o
cadáver. Aqui a bolacha veio inteira, o homem não.
«1344 dias» E folhear,
folhear, folhear, «Desertar», «Que repousem unidos na paz os que unidos lutaram na guerra»
Baú azul n.º 6 para Portugal via Lobito. Encosto o ouvido e
num lamento quase choro, o hino de «Angola é nossa». Era o retorno de quem nada
tinha e nada teve.
Caixão ?
A não perder!
17.11.15
10.11.15
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