Pelas piores razões fui alvo de notícia, ao ser
recusada a minha candidatura para o concurso de apoio ao estímulo científico,
aberto pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Por isso, considero meu dever
prestar os seguintes esclarecimentos.
1 - Em
primeiro lugar, quero agradecer a solidariedade que tive de imediato das mais
variadas pessoas, embora não tanto da academia, à qual não pertenço. Não só o
interesse e a manifestação da consternação me comoveram como me fizeram lembrar
que a verdadeira avaliação, porque a mais justa, é a dos leitores e de todos
aqueles que me ouvem em aulas, colóquios, conferências e congressos. Muito
obrigada
2 - Em
segundo lugar, pelas caixas de comentários na imprensa, apercebi-me de que
muitos portugueses consideram que quem investiga em Portugal não o faz a tempo
inteiro e ignoram que tem as mesmas necessidades de vida de qualquer outro
trabalhador. Por isso esse trabalho deve ser financiado com um
salário/ordenado.
3 - Mais
importante, desejo tornar público de imediato que me junto à investigadora
Professora Doutora Maria Manuel Mota no propósito de não recorrer da decisão
dos avaliadores do concurso a que me sujeitei e cujas regras do jogo aceitei.
Aproveito para a felicitar pela coragem com que publicitou a recusa do seu
projecto. Também, por já me ter candidatado a diversos concursos, apercebi-me
que é extremamente difícil uma decisão ficar sem efeito. Além disso, a
mediatização que a minha recusa já teve poderia ser considerada uma pressão
sobre os avaliadores do recurso.
-
4 - Solidarizo-me com todos os 3.600 colegas que viram os seus projectos recusados
e lembro-lhes que haverá mais concursos.
5 - Finalmente,
aguardarei até ao fim do processo - neste caso até ao final do prazo de recurso
e audiência -, para tornar pública a avaliação que me foi feita. Faço-o, para que
sejam corrigidos no futuro critérios que considero errados.
Irene Flunser Pimentel