19.4.10

A execução pelos nazis dos elementos do grupo Manouchian, 1944


Foram divulgadas na semana passada três fotografias, tiradas clandestinamente no Mont Valérien, perto de Paris, em 21 de Fevereiro de 1944, pelo sub-oficial alemão da Wehrmacht, Clemens Rüther, que nesse dia para ali levou os elementos do grupo resistente Manouchian, para aí serem executados pelos nazis. Tratou-se de um grupo, maioritariamente constituído por trabalhadores estrangeiros imigrados em França, que pertenceram à rede de resistência comunista contra o ocupante nazi, «Francs-tireurs et partisans de la Main-d'oeuvre immigrée» (FTP-MOI), dirigida pelo arménio Missak Manouchian.

Rüther guardou os negativos das fotografias até 1985, quando as transmitiu ao comité alemão Franz Stock, com o nome do capelão militar presente junto dos condenados à morte de 1944. Em 2003, as imagens foram entregues ao Estabelecimento Fotográfico dos Arquivos da Defesa (Ecpad), em França, onde ninguém se apercebeu do valor desses documentos. No entanto, há alguns meses, no âmbito de uma investigação sobre a identificação de cerca de 1.000 fuzilados pelos alemães, no Mont Valérien, entre 1941 e 1944, Serge Klarsfeld, fundador da associação dos filhos e filhas de judeus deportados de França, soube da existência das fotos. Estas foram por ele apresentadas publicamente no 68.º aniversário da primeira execução em massa no Mont Valérien, perpetrada pelos nazis em 15 de Dezembro 1941, no decurso da qual foram fuzilados 70 resistentes e opositores ao ocupante alemão, entre os quais 52 judeus.

(ouvir ainda a canção dedicada à rede Manouchian, cantada por Léo Ferré. Este ano, estreou ainda um filme sobre o grupo Manouchian, intitulado «L´armée du crime», realizado por Robert Guédiguian.)

(também aqui)